No parágrafo 2639 do Catecismo da Igreja Católica lemos assim:
“O louvor é a forma de oração que reconhece o mais imediatamente possível que Deus é Deus! Canta-O pelo que Ele mesmo é, dá-lhe glória, mais do que pelo que Ele faz, por aquilo que Ele é. Participa da bem-aventurança dos corações puros que O amam na fé antes de O verem na Glória. Por ela, o Espírito se associa a nosso espírito para atestar que somos filhos de Deus, dando testemunho ao Filho único, em quem somos adotados e por quem glorificamos o Pai. O louvor integra as outras formas de oração e as levar Àquele que é sua fonte e termo final: “O único Deus, o Pai, de quem tudo procede e para quem nós somos feitos” (I Cor 8,6).
Uma das orações que mais me atrai é essa oração de louvor ensinada pelo nosso catecismo.
Existe um grande poder e uma grande força nessa forma de oração porque ela nos dá coragem de louvar a Deus pelo que é muito mais do que pelo que Ele pode fazer por nós.
Na bíblia, temos inúmeros relatos de homens e mulheres que, em meio a dificuldades, provações e lutas, não se entregaram e, ao invés da murmuração, preferiram colocar o louvor nos lábios e no coração, porque acreditavam que o senhor estava com eles até nos momentos difíceis.
Alguns exemplos:
1:Jó foi um homem provado até o seu limite, perdeu tudo, mas, em momento algum, murmurou ou perdeu a fé em Deus. Chegando o final da provação ele disse: “meus ouvidos ouviram falar de ti, mas agora meus próprios olhos te viram.” (Jó
42,7)
2- O relato dos três jovens que foram lançados na fornalha ardente por não aceitarem adorar outros deuses a não ser o Deus de Israel. Quando estavam naquela fornalha, sabe o que eles faziam? “ora, estes passeavam dentro das chamas, louvando a Deus e bendizendo o senhor.”
(Daniel 3,24)
3- O Magnificat, canto de Maria, é o canto de louvor por excelência. Ela foi a escolhida para ser a mãe do Salvador, mas, ao invés de honras, regalias e poder, tomou junto com São José a cruz e sem reclamar, louvava a Deus por ter encontrado graça diante dEle – foi escolhida para ser a esposa do Espírito Santo, apesar de ser tão pequena. (Lucas 1,46-55
4- Quando Paulo e Silas, por terem libertado uma mulher de um mau espírito, foram lançados na prisão.
“Depois de lhes terem feito muitas chagas, meteram-nos na prisão, mandando ao carcereiro que os guardasse com segurança. Este, conforme a ordem recebida meteu-os na prisão inferior e prendeu-lhes os pés ao cepo. Pela meia-noite, Paulo e Silas rezavam e cantavam um hino a Deus, e os prisioneiros os escutavam. Subitamente, sentiu-se um terremoto tão grande que se abalaram até os fundamentos do cárcere. Abriram-se logo todas as portas e soltaram-se as algemas de todos.” At 16, 23-26
É isso, meus irmãos e irmãs, que acontece com aqueles que louvam a Deus, com aqueles que não se entregam às dificuldades.
Deus está presente no louvor. Tocamos o coração dEle, quando, na tempestade, na tribulação e nos momentos difíceis, tiramos nossos olhos dos problemas e fixamos nosso olhar nEle que nos ama e que tudo pode.
Este é o poder do louvor: fazer com que adoremos o senhor em todas as situações da nossa vida porque reconhecemos que Ele nos ama, não nos abandona nunca e está conosco até o fim.
A oração de louvor é uma arma poderosa para derrotar o inimigo.
Como batizados somos chamados ao louvor, quanto mais tivermos um coração agradecido, quanto mais enchermos nossa vida e nosso tempo com o louvor, mais seremos felizes e saberemos que o importante não é o tamanho da tempestade e sim quem está conosco no barco da nossa vida.
Cantamos sempre no início da santa missa e nos encontros para louvar, agradecer, bendizer e adorar.
Se colocarmos em prática no nosso dia a dia esses quatro passos, abriremos as portas do céu e alcançaremos nossas vitórias.
Segundo o CIC Nº 2642:
“A revelação “daquilo que deve acontecer em breve”, o Apocalipse, é comunicada pelos cânticos da liturgia celeste, mas também pela intercessão das “testemunhas” (mártires). Os profetas e os santos, todos os que foram degolados na terra em testemunho de Jesus, a multidão imensa daqueles que, vindos da grande tribulação, nos precederam no Reino, cantam o louvor de glória daquele que está sentado no Trono e do Cordeiro. Em comunhão com eles, a Igreja da terra canta também esses cânticos, na fé e na provação. No pedido e na intercessão, a fé espera contra toda esperança e dá graças ao “Pai das luzes, do qual desce toda dádiva perfeita”. A fé é assim um puro louvor.
É maravilhoso saber que a Igreja nos ensina a louvar a Deus em todos os momentos da nossa vida. A exemplo dos santos e mártires, devemos trazer sempre nos nossos lábios e no nosso coração o cântico de louvor.
O louvor acalma nosso coração, expulsa o tentador e nos dá a força necessária, pelos dons do Espírito Santo, para enfrentarmos as lutas de cabeça erguida.
Nosso amado Papa Francisco também nos ensina sobre o louvor:
– “Para quem é útil o louvor? Para nós ou para Deus?”, perguntou o papa
– “A prece de louvor é útil para nós”, disse ele. A oração de louvor “deve ser praticada não só quando a vida nos enche de felicidade, mas sobretudo nos momentos difíceis, momentos sombrios quando o caminho é íngreme. Aprendemos que através daquela escalada, daquele caminho cansativo, daquelas passagens desafiadoras, chegamos a ver um novo panorama, um horizonte mais aberto”
Fonte: Mariângela jaguraba – Vatican News 13 janeiro 2021, 10:06
Então meu irmão e minha irmã eu não sei como está a sua vida no momento que lê essa reflexão, mas o propósito é o/a convidar a fazer a experiência do louvor.
Como diz a canção: “mesmo na tempestade, mesmo que se agite o mar eu te louvo em verdade.”
Reúna sua família, leia o evangelho, o salmo do dia, coloque uma linda canção de louvor a Deus pra ouvir. Posso afirmar que você viverá uma grande experiência de fé e a alegria vinda do céu entrará no seu coração.
Finalizo com um pequeno testemunho:
Eu vivi há uns anos a maior experiência de louvor da minha vida.
Meu pai estava nos seus últimos dias de vida, internado no hospital e como sabia que ele gostava muito de canções de louvor, montei um repertório, levei o violão e por um momento aquela ala do hospital se transformou em um lugar de louvor e de adoração. Pude ver a alegria e o sorriso brotando do rosto cansado do papai que com a voz bem fraca louvava a Deus comigo. Quando percebi, foram chegando pacientes que se juntaram a nós e algo maravilhoso aconteceu: por um momento, a dor e o sofrimento deram lugar à alegria e à paz, naquele lugar, porque os anjos do senhor estavam ali.
Por Paulo Barbosa.